MISTERMAN

25 Março - 22h00
3€ - M16

Co-Produção Culturproject/Artistas Unidos

Um homem/menino vive numa aldeia fictícia, Inisfree, ou uma aldeia real vive num menino/homem de 33 anos, Thomas. A mania e o fervor religioso obrigam-no a sair todos os dias de casa, munido de uma agenda para anotar as irregularidades e vicissitudes e para inspecionar o comportamento dos habitantes da aldeia e o cumprimento dos valores morais e éticos. Acredita, assim, poder sentar-se ao lado de Deus.
Frustrado com o que se passa em seu redor, tem a convicção de que se trabalhar muito poderá salvar o mundo e erradicar o pecado. Ao conhecer Edel, julga ter encontrado uma aliada na sua missão. Vive só com uma mãe incapacitada e assume a liderança da casa desde que o pai morreu. A obsessão em controlar tudo mais não é do que uma tentativa vã de controlar um espaço mais amplo, impalpável, inatingível, enigmático, traiçoeiro: o da sua mente.
Encontra-se, desde a trágica morte de Edel, escondido num grande depósito abandonado no campo. Só, fechado, marginalizado, vive num espaço insalubre, no meio de detritos industriais, com alguns objetos indispensáveis, como o fato do pai e gravadores antigos de fita magnética. Há uma atmosfera de violência iminente e constante contra um mundo que não o entende, violência contra um homem que não entende o mundo que o rodeia. Os seus limites estão a ser testados porque é urgente encontrar um sentido na vida. As consequências são imprevisíveis. A personagem encontra-se não só presa num espaço fechado, como na sua própria narrativa. Há uma tentativa de rebelião contra a tirania destas narrativas repetidas e herdadas.
A peça contém a possibilidade de mudança ao mesmo tempo que apresenta um homem despedaçado física e mentalmente e consciente da sua não salvação. Os seus sermões refletem isso. São resultado de um conhecimento superficial da bíblia, de uma tentativa ingénua de se refazer a si próprio culpando os demais. Por outro lado, o lado afável, infantil desta personagem sugere uma pessoa que não floresceu. Diferente dos outros, é ridicularizado e marginalizado pela comunidade. A sua vingança acaba por fazer a maior vítima. Estamos perante uma tragicomédia.

Ficha artística e técnica
Autoria Enda Walsh
Tradução Nuno Ventura Barbosa
Encenação e Interpretação Elmano Sancho
Cenografia e Figurinos Rita Lopes Alves
Desenho de Luz Alexandre Coelho
Espaço Sonoro Pedro Costa
Produção executiva Nuno Pratas

Integrado no FITA – Festival Internacional de Teatro do Alentejo

Org. Lendias d’Encantar
Apoio CMB